LGPD para ONGs e doadores: O Guia Definitivo de Adequação e Segurança para 2026
Você sabia que a credibilidade que sua organização levou anos para construir pode ser desfeita em segundos por um único vazamento de dados?
Em 2026, a segurança da informação deixará de ser apenas uma burocracia técnica para se tornar um pilar de sustentabilidade no Terceiro Setor.
Muitos gestores ainda acreditam que a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) é uma preocupação exclusiva de grandes empresas de tecnologia, ignorando que o ativo mais valioso de uma instituição social é a sua base de contatos.
A relação entre LGPD para ONGs e doadores é intrínseca: sem proteção, não há confiança; sem confiança, não há doação.
Neste guia completo, vamos além do ‘juridiquês’. Você descobrirá como transformar a adequação à lei em um diferencial competitivo, garantindo o compliance da sua instituição e blindando sua reputação contra crises.
O Cenário Atual: Por que a LGPD impacta o Terceiro Setor?
A Lei nº 13.709/2018 não faz distinção entre fins lucrativos ou não lucrativos. Se a sua organização coleta, armazena ou processa dados de pessoas físicas (sejam doadores, voluntários, beneficiários ou funcionários), ela está sob a jurisdição da lei.
No entanto, o impacto no Terceiro Setor possui uma particularidade: a reputação. Enquanto uma empresa pode recuperar vendas após uma crise, uma ONG depende inteiramente da fé pública.
A LGPD para ONGs e doadores trata, fundamentalmente, de demonstrar accountability (prestação de contas e responsabilidade).
Ao ignorar a lei, sua organização corre riscos que vão além das multas da ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados):
- Perda massiva de base de doadores recorrentes;
- Bloqueio de parcerias com grandes empresas (que exigem compliance de seus parceiros sociais);
- Danos irreversíveis à imagem institucional.
Dados Pessoais vs. Dados Sensíveis: O que sua ONG coleta?
Para iniciar a adequação, é preciso mapear o que você tem em mãos. A lei categoriza os dados de formas diferentes, e isso altera o rigor da proteção necessária:
- Dados Pessoais Comuns: Informações que identificam a pessoa.
- Exemplos: Nome, CPF, e-mail, telefone, endereço, histórico de doações.
- Dados Pessoais Sensíveis: Informações sobre origem racial, convicção religiosa, opinião política, filiação a sindicato, saúde ou vida sexual.
- Atenção: Muitas ONGs lidam com dados sensíveis, especialmente as que atuam nas áreas de saúde, direitos humanos ou assistência social religiosa. O tratamento desses dados exige camadas extras de segurança.
Entender essa distinção é o primeiro passo para aplicar a LGPD para ONGs e doadores de maneira eficaz.
Bases Legais: O erro de depender apenas do Consentimento
Um dos equívocos mais comuns na gestão de dados em ONGs é achar que tudo precisa de um ‘termos de aceite’.
Embora o consentimento seja vital, ele não é a única base legal. A LGPD prevê 10 hipóteses que autorizam o tratamento de dados.
Para o Terceiro Setor, duas se destacam:
- Consentimento: O doador concorda explicitamente (de forma livre, informada e inequívoca) com o uso dos dados para fins específicos, como receber uma newsletter.
- Legítimo Interesse: Permite o uso de dados para finalidades que não ferem os direitos do titular e que apoiam as atividades da instituição. Em estratégias de fundraising, o legítimo interesse pode ser utilizado, desde que haja um teste de balanceamento e transparência.
Nota: A escolha da base legal correta deve ser feita com apoio jurídico especializado para evitar nulidades.
Passo a Passo: Como adequar a LGPD para ONGs e doadores
A adequação não acontece do dia para a noite, mas pode ser estruturada em etapas lógicas. Abaixo, apresentamos um roteiro prático para organizar sua instituição.
1. Mapeamento do Ciclo de Vida dos Dados
Você não pode proteger o que não sabe que tem. Crie um inventário respondendo:
- Como os dados entram? (Site, prancheta na rua, eventos, compra de listas?)
- Onde ficam armazenados? (Excel, CRM, nuvem, armários físicos?)
- Quem tem acesso? (Todos os voluntários ou apenas a diretoria?)
- Por quanto tempo são guardados?
2. Higiene de Dados e Minimização
A lei prega o princípio da ‘necessidade’. Colete apenas o indispensável. Se você não precisa saber a profissão do doador para processar a doação, não peça. Elimine bancos de dados antigos e inativos que apenas geram risco (o chamado ‘passivo de dados’).
3. Implementação de Segurança da Informação
A LGPD para ONGs e doadores exige barreiras técnicas. Isso inclui:
- Backups frequentes e testados.
- Uso de senhas fortes e autenticação em dois fatores.
- Sistemas de criptografia para dados sensíveis.
- Antivírus e firewalls atualizados nos computadores da sede.
4. Gestão de Consentimento e Cookies
Seu site deve possuir uma política de privacidade clara e um aviso de cookies. Se você utiliza formulários de captação, inclua um checkbox desmarcado por padrão, onde o usuário aceita ativamente os termos.
5. Treinamento da Equipe e Voluntários
De nada adianta um sistema seguro se um voluntário anota dados de doadores em um post-it e o deixa colado no monitor. A cultura de proteção de dados deve permear toda a equipe. Realize workshops sobre segurança e engenharia social.
Direitos do Doador: Esteja pronto para atender
A relação de LGPD para ONGs e doadores empodera o titular dos dados. Sua organização deve ter um canal aberto (como um e-mail [email protected]) para atender às seguintes solicitações em tempo hábil:
- Confirmação e Acesso: O doador quer saber se você tem dados dele e quais são.
- Correção: Atualização de dados incompletos ou errados.
- Anonimização ou Bloqueio: Para dados desnecessários.
- Portabilidade: Transferir os dados para outra instituição (menos comum, mas previsto).
- Eliminação: O famoso ‘direito ao esquecimento’, quando o tratamento era baseada no consentimento.
O Papel do Encarregado de Dados (DPO)
A figura do DPO (Data Protection Officer) é o elo entre a ONG, os titulares dos dados e a ANPD. Embora a autoridade nacional tenha flexibilizado a obrigatoriedade do DPO para agentes de pequeno porte (o que inclui muitas ONGs), ter uma pessoa — mesmo que não exclusiva — responsável pelo tema é uma boa prática de governança.
Este profissional (ou comitê) será responsável por monitorar o compliance e responder a incidentes de segurança.
Transformando a LGPD em ferramenta de arrecadação de fundos
Aqui está o ‘pulo do gato’: não encare a lei como um fardo. Utilize a adequação à LGPD para ONGs e doadores como um selo de qualidade.
Ao comunicar suas campanhas, deixe claro: ‘Aqui, seus dados salvam vidas e são tratados com o máximo respeito e segurança’.
- Marketing de Confiança: Use selos de segurança em suas páginas de doação.
- Transparência Ativa: Envie comunicados explicando as melhorias na segurança da informação.
- Fidelização: Doadores se sentem mais confortáveis em manter recorrência com organizações organizadas e transparentes.
Erros comuns que você deve evitar hoje mesmo
Para finalizar a parte educativa deste guia sobre LGPD para ONGs e doadores, listamos três erros que vemos com frequência no mercado:
- Compartilhamento de Listas: Nunca, em hipótese alguma, troque ou venda listas de contatos com outras ONGs ou empresas. Isso é uma violação grave.
- Uso de WhatsApp Pessoal: Evite que voluntários usem celulares pessoais para falar com doadores em nome da ONG. Utilize contas comerciais centralizadas.
- Planilhas Desprotegidas: Arquivos de Excel salvos na área de trabalho sem senha são a principal fonte de vazamentos internos.
Diagnóstico e Próximos Passos
Como vimos ao longo deste artigo, a LGPD para ONGs e doadores é um tema complexo que envolve jurídico, tecnologia e processos. Tentar resolver tudo internamente, sem expertise, pode gerar falhas de segurança invisíveis que só serão percebidas quando for tarde demais.
Sua causa é nobre demais para ser colocada em risco por uma falha de conformidade. A proteção de dados é o alicerce que sustentará o crescimento da sua organização nos próximos anos.
Não espere uma notificação da ANPD para agir.
Nossa equipe de especialistas em Direito Digital e Terceiro Setor está pronta para mapear os riscos da sua instituição e criar um plano de adequação personalizado, que cabe no seu orçamento.











